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NotíciasSegurança: passou da hora da aviação geral amadurecer.18/01/2025

Os dados que a ANAC compila, cruzando o número de incidentes e acidentes aeronáuticos com o volume de horas voadas demonstram que, gradualmente, a aviação geral brasileira tem se tornado mais segura, ano após ano.

Em 2018, segundo dados do Painel de Segurança da ANAC, ocorreram 9,3 acidentes para cada 100.000 horas de voo da Aviação Geral no Brasil. Em 2024 esses dados devem chegar próximos a 7,0.

O volume de acidentes por 100.000 horas de voo é o mais relevante indicador para se analisar quão segura é uma operação. Falar somente em quantidade absoluta de acidentes, portanto, diz pouco sobre quanto somos seguros ou inseguros. 

Isso significa que estamos bem e somos perfeitos? Claro que não! Dados semelhantes nos EUA , indicam que em 2022 essa mesma taxa foi de 4,84 para cada 100.000 horas voadas, bem menor do que a brasileira.

As informações sobre o painel da ANAC podem ser encontradas aqui e as informações sobre os Estados Unidos podem ser encontradas aqui, no Richard McSpadden Report, produzido há décadas pela AOPA.

O que fazer, então, para aumentarmos a segurança da Aviação Geral no Brasil? Essa resposta não é segredo.

Ainda há muita coisa para ser aprimorada:

1) A regulação geral brasileira é praticamente a mesma de lugares onde a aviação é mais segura. A eficácia da regulação é ruim, como quase tudo que envolve o estado brasileiro. 

2) A política de uso do espaço aéreo é muito pior aqui do que em ambientes onde se opera de forma mais eficiente e com mais segurança, pois quase tudo é atrasado e confuso.

3) Impostos e Regulação atrasada para Modernização de Aeronaves: dinheiro jogado no lixo para modernizar aeronaves no Brasil é um grande problema. Nesse quesito estamos na idade da pedra.

4) Educação e Formação: certamente o grande "crime" no Brasil, contra os brasileiros, é o da falta de educação. E não estamos falando só de Aviação. Vá às escolas de engenharia, economia, medicina, administração, tecnologia e verá o caos, assim como nas escolas de aviação. A falta de educação elementar no Brasil formou uma geração de pessoas com dificuldades de interpretação de texto e desconhecimento de matemática em um grau que nos coloca como uma das populações mais ignorantes do planeta. Triste, mas essa é a realidade.

Independente dos problemas, voamos todos os dias em milhares de operações que conectam um país continental. Para sairmos dessa situação e evoluirmos, proprietários e pilotos precisam decidir amadurecer e investir para operarem de forma cada vez mais profissional ou as estatísticas não vão mudar por obra divina. Recentes acidentes que geraram óbvia comoção na opinião pública não precisam aguardar relatórios finais que serão publicados daqui 2 anos para evidenciar que há muita decisão mal tomada entre pilotos e proprietários de aeronaves.

Decolagens sob tempo severo ou de aeroportos fechados até para voo por instrumentos; pousos em pistas que não foram feitas para determinadas operações; exposição da aeronave a condições de formação de gelo para as quais não foram projetadas; falta de conhecimento sobre meteorologia; a aplicação do "jeitinho" para operar quando não se deveria operar; macetes sem nenhum fundamento em Manuais de Operações transmitidos entre a comunidade ininterruptamente; palpiteiros caçadores de cliques dando opinião sobre segurança em rede nacional; esses são só alguns fatores que toda a comunidade sabe muito bem do que estamos falando.

Mais regras vão resolver o problema da segurança no Brasil? Pode ser, se a ideia for diminuir a quantidade de aeronaves e de voos. A AOPA Brasil não acredita que a resposta para os nossos problemas passa por aí. O cerne do problema não está nas regras. 


O que diminuiu acidentes foi a decisão de cumprir as regras existentes e a comunidade decidir sair da adolescência, encarar a realidade do mundo adulto e exigir, dela mesma, padrões elevados segurança. Isso envolveu proprietários e pilotos, que entenderam que toda operação aeronáutica tem limitações e que voar próximo a elas pode acabar muito mal.


Padrões operacionais, tecnologia e sistemas estão todos aí, em quantidade e em qualidade jamais vistas. Monomotores hoje podem ter equipamentos tão sofisticados quanto jatos comerciais. Informações meteorológicas de qualidade são entregues gratuitamente, com níveis de precisão impressionantes.


    As perguntas que todos os pilotos podem se fazer é: quando será o momento da minha vida na aviação em que vou opera-la com o grau máximo de profissionalismo? Quem faz a aviação mais profissional e segura que conheço e como vou copia-la? O que eu preciso para chegar lá, como vou fazer e como vou medir meu progresso?


Para os proprietários de aeronaves que não voam, a AOPA Brasil recomenda uma pergunta simples: os pedidos que faço aos meus pilotos e as decisões que tomo estão criando as condições para um acidente que pode destruir os meus negócios ou a minha família?


A Aviação Geral brasileira é enorme, próspera e tem muito futuro! Basta direcionarmos nossa energia para torná-la profissional, copiando quem fez isso e deu certo e que hoje opera com níveis de segurança melhores do que os nossos.





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