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NotíciasChefe do FAA irá voar o 737Max: conhecer da operação faz diferença para um chefe de agência reguladora?29/09/2020

Na semana que vem o Sr. Steve Dickson, diretor geral do FAA, irá voar pessoalmente o Boeing 737Max. Essa semana ele irá à Boeing realizar instrução em simulador e na semana que vem, fará voos na aeronave. Nesse processo irá conhecer detalhadamente os erros de projeto encontrados e as correções implantadas para que a aeronave possa voltar a operar.

Claro que o gesto, simbólico, não vai interferir no trabalho de centenas de técnicos que trabalharam para as correções. O fato tem mais a ver com a reconquista da confiança da opinião pública do que com aspectos técnicos em si. 

Mas por trás desse fato, há o óbvio: o Sr. Dickson e toda sua linha de diretores possui experiência real no mundo da aviação civil, como aviadores, engenheiros e experts em segurança e controle de tráfego aéreo. 

Como o Brasil é o lugar em que explicar o óbvio tornou-se prática corriqueira, o voo do Sr. Dickson no 737Max ganha outros contornos.

A AOPA Brasil trabalha desde 1972 com autoridades aeronáuticas no Brasil. Por todas essas décadas podemos afirmar, sem nenhum medo de errar, que 80% do nosso tempo é gasto explicando o mundo da aviação para quem nunca passou um plano de voo na vida, participou de um projeto aeronáutico ou administrou alguma empresa no setor aéreo. Tantos erros regulatórios, falências de empresas e taxis aéreos, erros em contratos de concessão de aeroportos e entraves em geral não são produzidos por acaso. O caos regulatório brasileiro é produto de pouco ou nenhum conhecimento da operação aérea.

O fato de alguém ter experiência operacional na aviação civil, por si só, não é suficiente para liderar uma agência reguladora de aviação. Mas sem esse requisito, é óbvio que a qualidade do trabalho fica prejudicada. Não é à toa que o Ministério da Infraestrutura anunciará dentro de alguns dias uma grande ação de revogação de milhares de normas e correção de outras tantas. Quem as escreveu conhecia muito pouco do mundo da aviação civil, então a chance de serem inúteis ou estarem erradas é enorme. Quando muito, alguns dirigentes que passaram pela Agência foram egressos da FAB, com pouco conhecimento da realidade operacional da aviação civil. 

Essa falta de conhecimento custa tempo e dinheiro, tornando a aviação brasileira um setor frágil, cheio de entraves, custos e regras que não criam nada além de burocracia inútil. Infelizmente, pelo visto até aqui, esse padrão de erros não será corrigido pelo atual governo. 




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