NotíciasAVGAS fora de Especificação: informações da PETROBRAS15/07/2020
Em resposta ao ofício encaminhado pela AOPA Brasil, ontem, ao Presidente da Petrobras S.A., Sr. Roberto Castello Branco , hoje se realizou reunião que contou com a presença do Sr. Fernando Borges, Gerente Executivo de Relacionamento Externo, o Sr. Cláudio Mastella, Gerente Executivo de Comercialização entre outros executivos da empresa.
A AOPA Brasil apresentou sua preocupação com a identificação imediata do problema que afeta toda a frota de aeronaves da aviação geral brasileira movida a AVGAS.
Essa identificação deverá revelar a causa e os efeitos de tantos problemas ocorridos de maneira simultânea em todo o Brasil, que já ocasionaram incontáveis impactos diretos (danos técnicos, interrupção do uso de aeronaves, etc) além dos danos que ainda poderão vir a ser identificados na medida em que as investigações evoluam.
A Petrobras S.A. mostrou-se comprometida com a identificação das causas do problema ocasionado pela distribuição de AVGAS – Gasolina de Aviação que, segundo seus testes, de fato apresentou discrepâncias em relação aos padrões habituais. Esse compromisso está materializado até aqui no envolvimento direto de inúmeros profissionais, recursos técnicos e financeiros para garantir a identificação clara do problema.
Fenômeno sob Investigação:
Segundo os executivos da Companhia, estudos minuciosos estão sendo feitos nos seus laboratórios. Os técnicos informaram à AOPA Brasil que um lote importado, de fornecedor de reputação de quem a empresa continuamente recebe produtos, continha um padrão diferente (INFERIOR) de compostos aromáticos se comparados aos lotes anteriores e considerados normais.
Na prática, segundo os técnicos, os problemas identificados podem decorrer da diferença (A MENOR) dos chamados elementos aromáticos e a quantidade que deveria estar presente. Estudos feitos até aqui pela PETROBRAS demonstram que AVGAS com índices de compostos aromáticos MENORES do que os normais podem causar a deterioração de componentes elastoméricos e poliméricos. Em outras palavras, certos materiais elastoméricos ou poliméricos esperam certa quantidade de compostos aromáticos que, quando não alcançados, podem causar sua deterioração.
Preocupações imediatas:
1) Além da identificação definitiva do problema causador dos danos já aparentes, se solicitou as áreas abrangidas pela distribuição do combustível com discrepâncias até onde a PETROBRAS S.A. e suas distribuidoras conseguem mapear e informar. Enquanto essa informação não for claramente apresentada pela PETROBRAS e DISTRIBUIDORES, a rigor qualquer ponto de abastecimento brasileiro pode ter tido contato com a gasolina defeituosa.
2) Uma vez que a AVGAS discrepante mistura-se normalmente a AVGAS "normal", teores menores de aromáticos combinados com teores normais resultam na redução total desses compostos nos tanques das distribuidoras, dos revendedores e das aeronaves. Ou seja, a mesma gasolina com problemas pode causar maiores ou menores danos, conforme a quantidade que tiver sido misturada a estoques anteriores.
3) A AOPA Brasil solicitou, novamente, saber quando exatamente se iniciou a distribuição desse lote discrepante e quando o lote foi inteiramente comercializado.
4) A PETROBRAS informou que seus técnicos já conseguiram encontrar correlação direta entre a densidade da gasolina e o teor de componentes aromáticos. Ou seja, para efeito de testagem mais simples e inicial, mesmo não sendo um teste definitivo ou parâmetro normativo, pode-se dizer que a densidade do AVGAS varia de acordo com o % de presença de componentes aromáticos.
Para isso, a PETROBRAS informou que irá fornecer ao mercado uma tabela de referência, baseada nos seus estudos, ainda sem caráter definitivo ou orientativo (somente para referência de qualidade), a partir de qual, seguindo-se determinados padrões simples de coleta e verificação de densidade, os operadores poderão saber, por aproximação, o % de presença de aromáticos na AVGAS que possuírem em seus tanques.
Com essa informação, poderemos ter consciência mais próxima do grau de discrepância da AVGAS que estiver sendo testada e que pode ter circulado nos nossos tanques, linhas de alimentação, bombas e motores, podendo com isso, mediante orientações de fabricantes e/ou oficinas mecânicas, tomar providências necessárias, tais como drenagem completa dos tanques, verificações, inspeções e correções. Tão logo essa tabela esteja disponível, a PETROBRAS irá torna-la pública ao mercado.
5) A AOPA Brasil manifestou sua preocupação com a declaração de distribuidores que, referindo-se a informações alegadamente apresentadas pela PETROBRAS S.A., informaram estar recolhendo todo o AVGAS com problemas de qualidade do mercado, e que ele já estaria sendo reposto.
Essa reposição mostra-se indispensável para que a aviação retorno, mas a aviação só poderá realmente retornar quando se souber a efetiva causa dos problemas e sua correção. Simplesmente dispor de combustível "dentro de parâmetros" sendo comercializado não resolve o problema material já causado e nem mesmo garante a segurança das operações, até que as aeronaves e seus componentes sejam verificados.
Ações Imediatas:
Como já sugerido pela AOPA Brasil, recomenda-se que todos os operadores tenham plena ciência que a AVGAS com discrepâncias foi distribuída nacionalmente. Ainda não há dados que nos permitam afirmar haver regiões imunes. As operações devem ser evitadas e não realizadas caso haja qualquer indício de problemas.
Neste momento a AOPA Brasil possui canal aberto de comunicação com a PETROBRAS S.A. que se comprometeu a repassar a tabela de densidade com as condições e limitações que o teste terá, bem como as demais informações já solicitadas.
Pela postura da equipe da PETROBRAS, a AOPA Brasil crê que a Companhia possui plena consciência do impacto causado, da dimensão do problema não só para a aviação como para a confiança que a aviação brasileira sempre depositou na empresa e nos seus produtos.
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